quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

PRIMEIROS SOCORROS

Motivada por um acidente ocorrido na esquina de meu prédio, recomecei a pensar antigas inquietações minhas a respeito das pessoas. Hoje não me atenho à efemeridade da vida (como outrora feito no ENTRESUTIAS), atenho-me ao comportamento dos seres humanos em meio a uma turbulência.
Destaco alguns personagens dessa crônica real:
  • A CULPADA (?!) - A moça com blusa de cor rósea, muito nervosa chora e precisa ser ajudada por amigos e ser assistida por policiais. Não sei se a culpa foi realmente dela, mas ela me lembra pessoas que se desesperam em momentos de tensão ou quando são pressionados de alguma forma. Com certeza não levo em consideração a grande responsabilidade de ter causado o acidente, mas faltou-lhe equilíbrio, mesmo porque, a primeira recomendação nesse caso  é "mantenha a calma"!
  • UM HOMEM DE BLUSA AZUL - Ao ver o acidente, logo correu para uma padaria próxima e muniu-se de...papelão! Provavelmente o senhor já protagonizou ou participou de algum acidente, pois eu mesma achei o papelão inapropriado àquela situação, o que logo tornou-se um equívoco. O senhor, com cuidado, colocou os papelões em baixo do rapaz acidentado, protegendo-o de queimar-se no calor do asfalto. Uma pessoa de atitude e proatividade, que se destacou com bril enquanto o resto dos curiosos apenas montava o habitual circo ao redor do motoqueiro.
  • O TIOZINHO DO PICOLÉ - Sem saber (ou poder) ajudar de uma outra maneira, o humilde senhor retirou o guarda-sol do seu carrinho e segurou acima do motoqueiro no meio da avenida já parada, evitando que o sol incomodasse ainda mais o jovem no asfalto. A solidariedade do senhor  mostra que nós sempre podemos ajudar da melhor maneira possível quando damos tudo que possuímos, mesmo que não seja mais do que aquilo que os outros poderiam ofertar. (Mc 12,38-44)
  • O MOTOQUEIRO - Sem capacete.
  • O CIRCO HABITUAL AO REDOR DO MOTOQUEIRO - Não fugiu à regra e fez juz ao seu posto de plateia hinóspita e curiosa. Alguns, inclusive, cometeram as gafes que me incitaram escrever este post: levantaram o pescoço do rapaz para colocar algo debaixo de sua nuca para deixá-lo mais "confortável", mudaram-no de posição, fizeram-no mecher partes do corpo que ,se houvesse havido trauma, poderia afetar sua medula.
  • O CORPO DE BOMBEIROS - SAMU - POLÍCIA - Em demasia demorados, sorte não ter sido  grave. O trânsito ficou à mercê dos pedestres enquanto os carros continuavam passando pelo local.
E no meio de tudo isso, EU, futura jornalista que vos fala, filmando a movimentação de dentro do quarto do meu irmão e imaginando como ficaria o texto para o Minny.na, já que abordaria um tema diferente do óbvio e optaria pelo esclarecimento em detrimento da lição de moral ou da filosofia.
Fiquei muito preocupada com o desaviso e falta de esclarecimento que as pessoas possuem. Não é falta de cuidado, porque percebemos que as pessoas se solidarizam com a situação e tentam ajudar, mas é preciso que se saiba como ajudar para não complicar um caso que exige cuidados especiais.
Música METRÓPOLE - Legião Urbana; Imagens por Iasminny Cruz

É preciso que durante um acidente e enquanto se espera a chegada do socorro, as pessoas envolvidas e os possíveis transeuntes do local sejam capazes de se manter em calma, solidarizar-se e de distinguir o que pode e o que não pode ser feito. E sabendo o que NÃO fazer, fica mais fácil saber como reagir em caso de acidente. Então lá vai: Não movimente a vítima. Não faça torniquetes. Não tire o capacete de um motociclista. Não dê nada para a vítima beber ou ingerir.
Especialistas mostram que é essencial que se faça uma rápida avaliação da vítima, o alívio das condições que ameacem a vida ou possam agravar o quadro dela(evitando novas colisões, atropelamentos ou incêndios)e acionando correteamente o serviço de emergência local.
Em Brasília, o número de emergência dos Bombeiros é o 193 e o do SAMU é o 192.
Mas mesmo que o acidente seja grave, ao ligar para qualquer um desses números, os atendentes irão fazer uma série de questionamentos importantes (o tipo de acidente, o número de envolvidos, endereço, se há vítimas presas ou, ainda, vazamentos ou ônibus e caminhões envolvidos) e é necessária a colaboração nas respostas.
Fica aqui o apelo e a campanha do Minny.na para os corretos primeiros socorros em acidentes. Peço que, assim como eu, tomem iniciativas para esclarecer as pessoas a respeito dos procedimentos correto e incorreto em acidentes, para que sejam evitadas muitas complicações no quadro clínico da vítima (que poderia ser você).
*Estima-se que 10 bilhões de reais por ano são gastos no Brasil por conta dos prejuízos causados por acidentes de trânsito.
*Medidas de socorro que necessitem de capacitação, tais como: respiração boca a boca, massagem cardíaca, imobilizações; são oferecidas por entidades especializadas e NÃO SÃO uma opção aos civis quando o resgate ou a ajuda profissional é PRÓXIMA E ACESSÍVEL.

EM CASO DE ATROPELAMENTO
Adote as mesmas providências empregadas para evitar novas colisões. Mantenha o fluxo de veículos na pista livre. Oriente para que curiosos não parem na área de fluxo e que pedestres não fiquem caminhando na via. Isole o local do acidente e evite a presença de curiosos. Faça isso, sempre solicitando auxílio e distribuindo tarefas entre as pessoas que querem ajudar, mesmo que precisem ser orientadas para isso.
Disponibilizo o link da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego) para que vocês leiam a pequena cartilha que eles oferecem e que vem com ricas informaões a respeito de primeiros socorros e procedimentos em caso de acidentes

2 comentários:

  1. Esse é outro dos seus postes que fazem pensar... O que mais me chama a atenção nesses casos é o circo que se forma ao redor do acidente. Muitas das pessoas querem somente ver o que esta acontecendo, querem ver o sangue a dor alheia... sadismo em um gau socialmente aceitado. Há aqueles que deixam suas atividades para presenciar o acidente, afinal "é sangue mesmo, não é mertiolate". Quanto às recomendações, acredito que elas são essênciais, pois, por exemplo, dar agua à um acidentado pode acelerar a perda de sangue devido à sua hemorragia interna... Por fim, quanto ao desespero apresentado em situações adversas há um parametro - chamado quociente de adversidade - que mede como as pessoas reagem frente a situações adversas.

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  2. E alguns depois que vêem que nada "demais" aconteceu com a vítima, simplesmente se afastam. A vontade vampírica de alguns por sangue assusta.
    Interessante isso do quociente de adversidade, ajudaria muito se aquela mulher soubesse disso e, conhecendo a si mesma, tivesse feito alguns primeiros socorros a si mesma. Respiração.
    Em todo caso, Renato Russo sempre perfeito ao retratar a vida urbana e seu caos típico. No vídeo que eu gravei, q tinha cerca de 15 minutos, eu só conseguia lembrar dessa música pra retratar a veracidade nua e crua de um acidente com plateia.

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